Cáustico

A cabeça ferve. Sua mente acaba de entrar em ebulição. Pensamentos ferventes tentam desesperadamente rasgar os limites do seu crânio e explodir pro mundo na forma de vapor volátil. E agora? Ele resiste. Calma, cara, calma. Senta ai e relaxa. Não dá! Isso vai explodir! Sentai ai porra!Seus ouvidos apitam como uma chaleira. Seu cérebro se expande em pulsos graves, cada vez mais fortes. Olha pra cima e abre os olhos pra chuva inundá-los. Quem sabe ela não entra pela minha retina e esfria minha cabeça? Não tá dando cara... Abaixa essa cabeça então.
Sentado no meio fio com a cabeça entre os joelhos, ele sente a barriga estremecer. Um animal louco, alucinado está nas suas entranhas louco pra emergir pelo seu esôfago. Mas e se ele hemorragir? Melhor prender. Será que dá? Porra cara solta isso! Isso vai te comer todo por dentro... Ele solta. Um jato quente sai pela sua boca e bate no chão com tanta força que respinga no seu tênis novo.
E a cabeça, ta melhor? Não, Ta foda! Me deixa sozinho. Fecha os olhos então.

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O Gâròto ólha Áo redór ë não reconhÉce náda . É a mÊsmä rua, más ao mêsmö tÉmpo não é. Cadê ö cára qüê táva me ajudãndo aquí?...E Eu êstóu...nú?
ônde está todo mûndo? Prá ònde quér quê êle òlhe, tûdo está absolutamente dêsérto. Não há viVa aâlma ao dÓr. Ás lojas estão zias, os prédios sê detÊriorándo. Plácas enfërrujádâs, póstês côrroídos, êscoömbros. àssombros. A Márêsia mórna que vem da práía còmê túdô aos pôucôs, cô se quizÉsse sÁbôrear cáda cêntímetro. Sôrr dêvágár. É día màs parece noite, de tão êscúro. Mas es tão quênte àquí.
Êle Êntrà núma lója, se esguêirando pôr éntre o tal rêtorcido da pórta de férro. Só há escombros. Ele séi e ólha ao redor. Túdo qüe é uma imágem fântásmagórica dê úm mûndo que já não êxiste máis. ÁcIma dos prédios quêbrados está o Crísto rédèntôr. Mas ônde está o bráço êsquÊrdo? E a máta ao rÊdor do corcôvÄdo? Pôr q as nûvéns estãó tÂo negrás e o sôl tão pálído?
o há mÊtal cinZâ máis neste mûndo. Tudo Êstá ôxidãndo. A côrrosão lentamente come tudo o quê hávia demano nésta térrä. Concreto... Ferro... Vidro... Êsse múndo não Êxistê máis.
Mas pra onde? Prá ónde fôrâm ás pêssoás? Será que ô inférno é lônge dáquí?

Êle sái ândando sozinho lo mÊio da ávÊnidA êntrÊ cárcáças de cárros eênferrújádos. Olha para um lado e outro. Um sÊntiménto lôucô dê dÊsôláçãô o tóma. êle se sénte séfocádo. PÔrra êu to sozinho aquí!Hêi!Hêi!Algm, Pôr vôr!!!! Fálta dÊ ár. O pêiáperta. Prêciso côrrêr dáquí! Mas prá ônde? FÔda-se. SÊrá quÊ o ínférno féca lÔngê?

CÔméça A côrrêr. Oráção báte Fórte ê ô véntô êvapóra ô súór frío qüe ÊscÓrrê pêlá súÂ frónte. Fíca tôntô, cái nô chÃo áspêro, LÊvântá, LÂmbê o sánguê côm arêia na bôca, Cóspê, Córre maáis! Maáis rápido! Os pés dêscalçôs cÔmeçam a se dÊsfazer nô chão dúro. SÂngue Quênte bãnhá sêus dêdôs, más á dÔr não dÊixa êle páraàr. O côração de um cávÁlo Álúcínàdo bómbêia ádrênálínà ê ôutrás mérdàs Ánêstésis prô sêu côrpô. Êle não sÊnte máis ô chãô: túdO é o vápôr quéntê quê ô sól fáz súbir do ásfáltô áspêro. Córre! CÓrRe Cára, não párà! Ele bAlänçá á câbëçà... túdo fíca êm cârá lênta...rrõËs... nZa... Vêrlho... Prêto... TÛdo Sestura... Uma dänçä cälêidoscópicà... dê côrès... ... mórtäs... ... túdo róda........êle cái... ... ... ... ... ... ai... ... ... ... .. .... ... ... ... ... ... ... .. .. .. .. .. . . . . . . .